Resolvi escrever sobre a minha experiência com cerâmica mas decobri que ela é o resultado de um processo que se iniciou há muitos anos. Desde o período em que crianças podiam brincar com barro, pedrinhas e sementes secas. Não havia televisão, o rádio fazia referência à coisas que eram imaginadas. Eu ouvia as historinhas do Mestre Estrela, na Rádio Guaíba. Lembro do "Mágico de Oz". Historinhas de rádio levaram às historinhas de livros, aos contos e romances. Naquele tempo, as tecnologias do imaginário deixavam espaço para o sonho e para a criação. Nada estava pronto. Resultado: crianças mais criativas? Acho que não, apenas os meios eram outros, a busca era mais próxima do real, do cotidiano.
Poderia ter escolhido me dedicar aos processos digitais, com os quais tive alguma intimidade por exigência profissional. Mas foi o contato com a terra, com os elementos naturais, que me proporcionou esta vontade de retorno ao brinquedo mais simples que é moldar o barro.
Tento moldar o barro e é ele quem me molda. Me faz entender os meus limites,me aquieta. Com lições de paciência ele me adoça. Cria enigmas e me faz curiosa. Demanda interesses. Me empurra prá dentro de mim para depois me expelir atônita com o que eu não sei.
Sujeito incrível este tal de barro. Descubro suas cores, propriedades, manias, sensações, amplio minha visão e meu tato. Acho que estamos nos relacionando bem. Acredito que continuar neste caminho vai me levar ao arco-íris no país de Oz.